domingo, novembro 26, 2006


"A casa tem espaços desertos, tem noite escondida e um vento que surge de lugar nenhum. A casa dói pelas paredes e se encolhe nos cantos, apodrece as flores nos vasos e tranca as portas por dentro. A casa engole o ar, respira para dentro e vai se apequenando como um novelo de suspiros cada vez mais curtos. A casa quase se asfixia, em sua insuficiência azul entrecortada e se esparrama pelas escadas em busca de terra, em busca de chão frio junto aos ladrilhos. A casa não dorme, estala madeiras e espreita ressentida pelas frestas quem não passa pela calçada. A casa desmorona secretamente, esconde os brinquedos quebrados no sótão e cospe baratas dos ralos. Aqui não mora mais ninguém."
karen

Nenhum comentário: